domingo, 9 de setembro de 2012

Resiliente

Faz tempo que não escrevo, mas resolvi escrever hoje porque essa semana fecho um ciclo em minha vida e me deu vontade escrever sobre isso.
Há 8 meses atrás me mudei para Buenos Aires, uma vontade que eu já tinha faz tempo, desde que conheci a cidade em 2004, me apaixonei e era nela que eu queria morar. Passei os primeiros meses de verão curtindo muito a cidade, as pessoas novas que conheci e fazendo cursos de moda. Quando vi que era aqui que eu queria ficar, comecei a buscar emprego e virei professora de português... nunca fui tão feliz numa profissão, me descobri uma ótima professora e sentia prazer em dar aulas. Além da satisfação pessoal que tive, acho que o mais importante que vivi foi conhecer e descobrir pessoas, fiz amigos que ficarão para sempre, infelizmente não pude agradar a todos, mas os que puderam me conhecer de verdade ficarão guardados para sempre nessa minha experiência, que pelo menos por agora, termina essa semana.
O título deste blog é resiliente, uma palavra por mim até hoje desconhecida, mas que me identifiquei muito com ela. O significado é: a habilidade de lidar e superar as adversidades, transformando experiências negativas em aprendizado e oportunidade de mudança. Ou seja, “dar a volta por cima”. 
Todos que me conhecem bem sabem o que eu passei, e por isso considerei que esta palavra caracteriza bem como um todo, a experiência de vida que eu tive. Ter podido viver sozinha em Buenos Aires, sem depender em momento nenhum da ajuda de meus pais, ter buscado novos amigos,  ignorado os falsos, adaptado a nova cultura, ensinado minha língua e cultura e ainda encarar o passado e poder fechar as portas dele para seguir uma nova vida são os frutos do aprendizado que tive de minha experiência negativa do passado, mas que transformei em oportunidade para mudança... A EM foi um marco em minha vida, mas Graças a Deus me levantei, recuperei-me fisicamente e voltei a ser a Ana Paula de antes, só que mais forte, mais decidida, com menos drama.
Senti que agora é o momento de eu voltar, procurar sentir melhor a que lugar pertenço, de alguma forma, ainda me sinto perdida nesse aspecto, mas sinto que junto da minha família, continuarei mais segura nessa busca, talvez eu não pertença a um só lugar, e sim a vários, só o tempo irá me dizer.
Aos meus mais queridos que aqui conheci, queria agradecer que fizeram parte disso comigo: o Simone, a Magali,  o Benny, a Johana,  a Alice, a Fran a Gabi, a Giovanna, a Silvina, a Blanca, o Horácio, o Lisandro, a Claudia, os meus alunos,  (e apesar de tudo até a Andrea), e a todos que mesmo que transitoriamente, fizeram dos meus dias aqui, momentos inesquecíveis! (entre os citados estão brasileiros, argentinos, italiano, domenicana e inglês!)
E sexta-feira estou de volta a São Paulo, corajosa e resiliente que eu sou, vou recomeçar mais uma vez!


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Como os nossos pais

Olá pessoas,
Já faz tempo que não escrevo aqui, mas vai chegando o fim do ano e vamos revendo o que fizemos de bom, de ruim e o que podemos ser melhores.
Fiquei com vontade de compartilhar o que aconteceu essa semana que são coisas que fazem parte da vida. Há pouco menos de 1 mês, uma amiga argentina, e que mora na Espanha, que conheci na época que eu trabalhava de hostess num restaurante em Washington me escreveu que seu pai estava indo levar seu tio para operar no Incor e me pediu para auxilia-la a encontrar um hotel, pois estavam todos cheios por causa da Formula 1. Até fiz umas ligações, mas seu pai conseguiu achar um lugar, sem que eu precisasse ajudar muito. Por alguns dias não tive mais notícias deles, até que terça-feira desta semana, ela me manda uma mensagem pelo bbm me dizendo que seu tio tinha acabado de falecer. Não pensei duas vezes em me oferecer para ajudar, sabendo que a família não era do Brasil, não conhecia ninguém em São Paulo e falava muito pouco o nosso idioma, no meu coração, não havia outra opção a não ser ir encontrar com o pai da minha amiga e ajudar no que fosse necessário. No final, apesar de ter sido em uma circunstância triste, acabei por conhecer seu pai e sua tia que são pessoas boas, com um coração enorme e que tem uma linda família. No final, tirando o fato de ser um momento triste, eu me senti bem em ajudar, o fato por sí só já é muito doloroso para família, pior ainda seria passar por isso sem a ajuda de uma pessoa amiga que morasse na cidade. 
No final, minha amiga não para de me agradecer, e o que me alegra nessa triste história, é que acabei por me aproximar desta amiga que há tempos não vejo e por conhecer parte de uma família muito bonita e unida.
Eu acredito muito na Lei da atração, acredito que se somos bons atraímos coisas boas na nossa vida e que quando ajudamos o próximo sem a menor intenção de receber algo de volta, nos tornamos pessoas mais evoluídas e enfrentamos a vida de forma mais leve.
Acho que devo esse aprendizado de vida dos meus pais, desde pequena sempre os vi ajudando as pessoas nessas horas difíceis, e essa semana me vi fazendo o mesmo que eles sempre fizeram por amigos e acho que por isso tanta gente tem um enorme carinho por eles, tenho um orgulho muito grande da minha mãe e meu pai, e sei que eles fizeram um bom trabalho na minha criação e formação do meu caráter e de meu irmão. No fim, somos o espelho deles e espero que possamos levar isso para toda a nossa vida.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Nick Vujicic, um exemplo de vida




Todos os dias eu acordo e logo vejo meus e-mails, os importantes eu leio e respondo, outros vão diretamente para a lixeira, mas têm aqueles eu abro para ver se há alguma mensagem positiva. Hoje de manhã  foi assim, abri um e-mail que dizia: Todo mundo tem que ver isso pelo menos uma vez na vida. Abri o video e percebi que já tinha recebido e não dei muita bola. Era um video do Nick Vujicic.
Para quem não sabe ele é um cara australiano de 29 anos que nasceu sem pernas e braços. Depois de um tempo fiquei pensando e abri de novo o video e novamente assisti com atenção, e comecei a procurar mais e mais videos de suas palestras. 
O mais legal é o que ele quer passar para as pessoas, o discurso dele não se trata de alguém sem os membros que quer mostrar para quem assiste de que há gente com problemas maiores e sim sua forma de encarar a vida, de uma forma que todos deveriam enfrentar, com paciência e sempre em busca de uma solução, sem nunca desistir. Ele acredita que Deus mandou ele para Terra sem os membros não como um castigo (e seria o que muitos pensariam), mas sim como um instrumento para mostrar as pessoas como a vida deve ser encarada, não importa o tamanho do seu problema.
Eu decidi que vez ou outra vou buscar um video dele para assistir e sempre me lembrar que tenho que sempre confiar em mim mesma, buscar sempre as soluções para os obstáculos da vida, ter paciência e confiar também em Deus. Mesmo com tudo que eu passei, ainda tenho uns dias de reclamar da vida, mas hoje posso dizer que isso acontece com muito menos frequência, e com a ajuda do Nick isso vai acontecer muito menos ainda. Só acho que melhor seria se todos nós nos tivéssemos a consciência disso sem ter que passar por nenhuma dificuldade na vida, mas infelizmente é difícil isso acontecer.
Sempre acabo chorando com ele, mas não por dó dele (que alias não tenho nenhuma, ele é o cara!!), mas sim por lembrar de que as vezes deixo um pouco de ver a vida tão positivamente como ele, que sempre tem um sorriso nos lábios e sempre busca se enxergar pelo o que ele tem de bom, e não por sua deficiência!
Publiquei um video dele no Facebook, acho que divulgar o que ele faz vai fazer muita gente parar de se lamentar.
Hoje postei sobre o Nick que é meu idolo, o maior exemplo de vida, eu queria ser que nem ele, divulgar como a vida tem dificuldades, mas que podemos contorná-los e sermos felizes com que Deus nos dá, que as vezes parece pouco, mas que se quisermos podemos transformar esse pouco em algo muito maior e finalmente alcançar a felicidade.



domingo, 8 de maio de 2011

Xote dos milagres




Foi vendo televisão que tive vontade de escrever o texto dessa semana. Acabei de ver uma entrevista no Jô Soares com o grupo de forró Fala Mansa que na minha opinião é o melhor que existe de forró, sempre adorei muito eles. E esta entrevista me entusiasmou não somente a baixar a musica “xote dos milagres” (meu forró favorito), mas também para falar de algo que eu considero um milagre que aconteceu na minha vida e também na vida do Tato (vocalista do Fala Mansa).
Para quem não sabe, o Tato foi diagnosticado com um tumor muito grande na cabeça, que felizmente era benigno, mas de grande preocupação devido ao seu tamanho e região aonde ele se encontrava. Ele contou isso no Jô e eu me identifiquei muito com seu relato no momento em que ele disse que quando ele foi operar ele deitou a cabeça tranquilo e só pensou que ia dar tudo certo na cirurgia. Chega a ser inexplicável essa sensação de que tudo vai dar certo, quando tudo que já nos foi informado a respeito daquilo é que há chances dar certo,  as probabilidades são grandes, etc. Eu acredito muito no pensamento positivo e por isso acho que ele deve ser constantemente trabalhado. Mas na realidade acho que em alguns casos o trabalho do pensamento positivo é um milagre.
Na época que recebi a notícia de que o meu caso era um caso para transplante eu não fiquei desesperada nem nada, sabia dos efeitos colaterais e das chances de sucesso do transplante, mas na hora que o médico me disse, na minha cabeça só veio o pensamento: “ graças a Deus, finalmente eles encontraram a solução do que vai dar certo no meu caso” e mesmo com algumas opiniões divergentes a respeito deste procedimento, eu nunca sucumbi e não via a hora de passar logo por ele e me ver curada…
Meus olhos enxeram de lágrimas quando o Tato descreveu a semelhança do que ele sentiu na hora de sua operação… foi como se tivesse entre nós havido o mesmo tipo de força maior que nos deu essa tranquilidade. E ele enfatizou que pensou que em toda sua vida ele só foi uma pessoa boa, fez músicas alegres para as pessoas se divertirem e que por isso nada de mal poderia acontecer com ele. E eu concordo, também sempre achei que fui boa e que a doença só veio para mim por uma pequena fase da minha vida, talvez como uma lição ou aprendizado, mas que não era eterna em minha vida. O que não nos mata nos deixa mais fortes!
Depois de tudo que passei, o que eu mais quero transmitir para as pessoas com esse aprendizado da vida é essa força interna que Deus dá para as pessoas de bem, eu acredito em milagres, porque eu sou a prova viva de um milagre!
Os milagres são inexplicáveis, mas uma hora algo na sua vida te mostra que ele realmente aconteceu. Comigo foi em Portugal. A minha fé de que tudo iria ficar bem ajudou, mas a fé religiosa que minha mãe tem em Nossa Senhora Aparecida foi algo que me surpreendeu. Eu sempre acreditei em Deus, mas nunca fui de fazer promessas e ser uma católica praticante. Mas voltando a Portugal… foi lá que senti que a fé religiosa da minha mãe funcionou, fomos juntas pagar a promessa dela, fui acompanhar, pois a promessa era por minha saúde, e apesar de muita gente me falar que quando esteve no santuário de Fátima sentiu algo diferente, eu segui para lá sem dar muita importância para isso, mas foi quando eu cheguei na capelinha das aparições e olhei para santa que senti algo que nunca mais vou esquecer. Senti uma pressão na minha cabeça como se alguém tivesse com as mãos nela e comecei a chorar compulsivamente, eu soluçava aos prantos, muito mais do que minha mãe chorava e naquela hora eu tive certeza que a minha recuperação se devia não só por mim, mas por um milagre de Nossa Senhora.
Não gosto de falar de religião no blog, cada um acredita na sua, mas o importante é ter fé e acreditar que sendo uma pessoa boa, o bem vai chegar até você, não importa qual força maior você acredita. Você pode não acreditar em milagres, mas que eles acontecem, acontecem.


domingo, 24 de abril de 2011

Carpe Diem

O que é a vida se não aproveitar o momento em que estamos vivendo aqui e agora??
A resposta seria ficar se apegando ao passado que, como o próprio nome diz… já passou, ou ficar se preocupando com o que vai acontecer num futuro que ninguém nem  sabe se vai acontecer???
Eu aprendi a viver o dia de hoje e não ficar me preocupando muito com o dia de amanhã, é sempre um risco pro futuro, mas um dia o próprio futuro será presente ou não, não sabemos o que vai acontecer no dia seguinte.
Cada emoção tem que ser sentida a flor da pele, é nessa hora que nos sentimos vivos, é na hora que dizemos “eu te amo” sem sabermos qual será a resposta, é quando tomamos uma decisão difícil ou simplesmente fazemos algo só porque nos deu vontade, é se jogar sem medo e simplesmente se sentir vivo, feliz.
Os medos nos impedem de viver, eu sinto medo de algumas coisas do tipo pular de paraquedas ou de bungee jump (medo das coisas que podem vir a tirar minha vida), mas tenho certeza de quem não tem esses medos não pode nem ao menos descrever o quanto boa é a sensação, de tão incrível que deve ser, isso eu invejo nessas pessoas mais corajosas que eu. E se sentir vivo é o melhor presente que Deus nos deu, e por isso o agora se chama presente! É sublime a sensação de um coraçao radiante, batendo mais forte no peito.
A vida é curta, e esta aqui para ser vivida!
Ou será que eu to errada?? A maioria das pessoas pensam no futuro, guardam seu dinheiro, não querem se envolver muito para não se decepcionarem, não falam o que sentem por orgulho, será que sou muito inconsequente e irracional?? As vezes me pergunto muito se está aí meu erro. Sempre penso que mais pra frente as coisas se arrajam, se o dinheiro acabar, trabalhamos e conseguiremos mais, se o coração se parte, a hora de ele ser consertado chegará, e se fizermos o que queremos com responsabilidade e sem machucarmos outras pessoas, que mal tem nisso???
Os dias passam e eu sigo acreditando que enquanto não me provem ao contrário, esse é o melhor jeito de desfrutar a vida, é saudável e faz bem pro coração. Portanto, brinque na chuva sem medo de ficar resfriado, dance como se ninguém tivesse olhando, conheça outros países, outras culturas e não tenha medo de ser feliz agora!!!!
Viva seus sonhos e carpe diem!!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sueños




As vezes a vida pode não estar exatamente do jeito que a gente quer… mas o que adianta reclamar?? Muitas vezes reclamar só para praguejar só enche nosso dia de energia negativa… Hoje eu estava na fila do banco e só escutava um sujeito reclamando… ele reclamava da fila do banco, do governo, da imprensa, do país… Sei que não é fácil, a vida está todo dia nos mostrando um lado errado dela. Mas o que eu mais faço nessas horas é sonhar um pouco… o sonho é uma esperança, e muitas vezes eu preciso deles para continuar a vida de uma maneira positiva, ele nos motiva!
Comigo sempre dá certo… eu começo a sonhar acordada e fico planejando tudo do jeito que eu quero, até que aparece outra coisa para eu fazer e até aí aquela vontade de reclamar da vida já passou e fica aquela sensação boa de que o sonho vai se realizar um dia.
Melhor ainda fica quando as vezes sonhamos essas coisas boas à noite, quando dormimos.  Lembro de 2 sonhos que eu tinha sempre. Um deles foi antes de eu conhecer Paris… eu sonhava o tempo todo com a Torre Eiffel, mas era engraçado, sonhava ela de todas as formas, menos de como ela realmente é, cheguei até a sonhar com ela de madeira… e depois que a conhecí de verdade, eu nunca mais tive esses sonhos. O outro que eu tinha sempre era na época que eu tava doente, nessa época minha letra era horrível, ilegível, mas quase todo dia eu sonhava com ela bonita de novo. Acho que todos os dias eu queria ficar boa que o sonho veio me dizer que era para eu esperar que tudo ia ficar melhor. Depois que eu fiquei boa nunca mais sonhei com isso.
Outro tipo de sonho que é bom é aquele quando sonhamos com as pessoas que já se foram, eu acordo com a impressão de que a saudade foi amenizada e que essa pessoa veio me ver. Hoje tive um sonho assim, sonhei com uma amiga que se foi, e que infelizmente se foi na época em que eu ainda estava doente e que não pode me ver depois que eu fiquei boa. Mas o sonho foi tão bonito! Andávamos num parque e conversávamos como se fosse hoje em dia, e ela me via boa de novo e eu dizia o quanto ela era legal. Acordei feliz por ter sonhado com ela. E foi com ele que me inspirei a escrever o texto desta semana.
Ontem fui dormir pensando: caramba, o último texto que escrevi foi muito impactante, e todos estão pedindo para eu escrever mais, não sei sobre o que vou escrever, mas aí veio hoje a tardezinha e comecei a ter meus sonhos acordada e me lembrei do sonho que tive a noite e pensei, ta aí algo que seria legal eu escrever, é leve, é positivo, acho que tá bom!
Sou uma sonhadora, em todos os sentidos, e não me culpo por isso, outro dia lí num e-mail que um amigo meu me mandou, “ os sonhadores são assim, vão até o final, até a última tentativa, se esforçam para ter certeza de que, se não aconteceu, não foi por falta de esforço ou tentativa”, e assim vou levando minha vida com o lema: nunca se arrependa do que fez e sim do que deixou de fazer.
E que todos os sonhos sejam: “Fresh as lime and happy as a Sunday sky”
Sonhe sempre!!!

Dedico esse texto a minha amiga Bruna, que conquistou todos os seus sonhos enquanto a vida permitiu.


quarta-feira, 13 de abril de 2011

venci a Esclerose Múltipla

Achei que o primeiro tema do meu blog deveria ser saúde.
e por que saúde??
Eu estive doente por um ano da minha vida, e depois 1 ano de recuperação. Sou portadora de Esclerose Múltipla. Quem me conhece hoje, não pode acreditar que um dia tive esta doença (digo tive no passado, pois acredito estar curada desta enfermidade que não tem cura ainda para a medicina).
A história é triste, com um final feliz. Em 2006 comecei a ter os primeiros sintomas... e rapidamente a doença foi tomando conta de mim... nos primeiros meses foi possível controlar, com internações de 1 semana que logo me deixavam a voltar a vida normal, no começo eu trabalhava, viajava, dirigia, e tinha controle da minha vida, mas após 4 meses mais ou menos, os sintomas de um surto não iam embora... então o desiquilíbrio, a tremedeira, a fraqueza muscular, a fadiga, tomaram conta do meu corpo, .... não foi fácil, eu não sentia dor, mas já estava muito dependente da ajuda de todos, principalmente dos meus pais e meu irmão para caminhar, comer, tomar banho, minha vida se tornou um inferno!! Ao mesmo tempo a auto estima estava destruída, eu tomei muito corticóide que me inchavam e precisei de algumas doses de quimioterapia que deixavam meu cabelo muito ralo. Nessa época eu não aceitava que tudo aquilo estava acontecendo comigo, no auge dos meus vinte e poucos anos, quando geralmente encontramos o amor das nossas vidas, eu tava lá... dependendo dos outros para tudo na vida.
Essa é uma época da minha vida que fico nervosa só de contar, hoje em dia estou boa, mas o principal foi a ajuda psicológica que tive de pessoas como o meu irmão e minha amiga Mel que sempre e em a todo momento me fizeram acreditar que eu ia ficar boa, e me ensinaram a pensar positivamente... claro que meus pais e outros amigos foram de ajuda essencial, sem o amor e carinho deles nem todo pensamento positivo teria ajudado... Cesar, Mariana, Talita, Bruna, Serena, Camilla, Deb, Carol, Lucas, entre outros, nunca me abandonaram na luta, nunca fiquei sozinha no hospital ou senti falta de ter algum amigo ao meu lado. Médicos excelentes (Dr. Rogério Tuma, Dra. Fátima e equipe e Dr. Nelson Hamerschlak e equipe), fisioterapeutas (meninas da Reabilitação do Sírio em especial Makiko), enfermeiras, estes profissionais foram enviados por Deus, escolhidos a dedo para me ajudar aqui na Terra na minha recuperação, cada um com o seu dom especial. E não posso deixar de mencionar meus advogados Dr Jorge Henrique e Dr Vicente Germano, que bravamente me ajudaram a vencer os trâmites que tive com o Hospital Sírio Libanês e com o próprio sistema de saúde pública que tinha a obrigação de me fornecer alguns medicamentos de alto custo, a competência destes advogados certamente foi de extrema importância e não podia deixar de agradecê-los.
 Eu não tinha namorado na época, mas nem fazia falta, eu não sentia desejo e só de falar com o meu ex namorado Ezequiel já era suficiente. Depois de um curto período de depressão, eu miraculosamente, mesmo em alguma crise que me deixasse mal, eu passei a acreditar que aquilo era só uma fase... e eu acreditei com tanta convicção que eu sonhava que estava tendo uma vida normal, quase que toda noite... depois disso, não demorou para meus médicos chegarem a conclusão que meu caso era de transplante de medula óssea autologo com celulas tronco do meu próprio organismo, e com essa descoberta, eu joguei toda a energia de que eu iria melhorar com esse tratamento.
Nessa época, eu fazia parte de uma comunidade no Orkut de Esclerose Múltipla, essas pessoas me fizeram ver que eu não estava sozinha nessa. Conheci gente que estava bem só com os remédios, gente que estava pior que eu, gente que já tinha feito o transplante, gente que era contra, mas no fim eu resolvi fazer um diário sobre o transplante, com o fim de desmistificar o transplante e ajudar outras pessoas que passavam ou iriam passar pelo mesmo.
O transplante passou, e por incrível que pareça, apesar de ter demorado alguns meses, do sofrimento de tomar quimioterapia e ficar num quarto isolado sem poder receber muita visita, quando se quer ficar boa, esse tempo e o sofrimento passam muito rápido, como um piscar de olhos, daí vem a recuperação com fisioterapia, a espera do cabelo crescer de volta, o corpo desinchar, ainda leva um tempo, mas tem que ser feito com muita dedicação e paciência, mas o resultado de tudo isso é impagável... é impagável poder andar na rua sem ajuda, voltar andar de bicicleta, fazer trecking na montanha, ou simplesmente comer, tomar banho, viajar sozinha... e a conclusão final é de que nossas reclamações bobas e diárias são muito pequenas... não digo que não sofro mais por amor, claro que sim, sou humana ainda, mas sofro por 2 dias, ou 3,  depois as coisas na minha cabeça se encaixam e vejo que ninguém é mais importante que eu mesma para mim e que a vida tem que ser vivida, nunca sabemos o que pode acontecer com a gente no dia seguinte.
Hoje em dia só busco ser feliz, mas as coisas nem sempre acontecem como a gente quer que aconteça, mas pelo menos eu vou até o fim, sem ter medo eu enfrento os fantasmas da minha vida, o pior é morrer se perguntando, o que teria acontecido se eu tivesse feito isso ou aquilo??
Essa semana tive uma decisão desta para tomar, fiz o que tinha que fazer, falei o que eu sentia, sem medo do que viria como resposta. A resposta não foi a que eu queria, estou há uns 2 dias um pouquinho triste, e hoje determinei que será o último dia, mas agora pelo menos  sigo com a vida, buscando outras coisas e sempre atrás de ser feliz, acredito que quando uma porta se fecha, outra se abre e que depois da tempestade sempre sai o Sol, é assim que temos que pensar. Algumas pessoas me acham muito passional, pode até ser, pois nesta vida que é curta, temos que viver com muito amor, muita paixão... a verdade é quando eu amo um amigo, uma cidade, um homem, eu não amo mais ou menos, amo muito, mas aprendi principalmente que quando se ama pessoas, deve-se amar com respeito à individualidade de cada um.
Parece que eu fugi um pouco do assunto, mas não foi isso... é que enquanto eu podia me lamentar de ter perdido 2 anos com a minha doença, eu aprendi muito com ela, e acima de tudo aprendi a amar a vida, e até agradeço por ela ter acontecido na minha vida (mas agradeço principalmente por ela ter me deixado), porque só assim é que enxerguei o quanto imatura, mimada e sem amor a vida eu era...
Foi bom eu escrever um pouco sobre o que eu passei, meu estado de um pouco triste ja mudou, agora veio de novo a esperança de que tudo vai ficar melhor, é só querermos....